sábado, 27 de agosto de 2011

É sábado



            - Ei, você! Sim, você aí, trabalhando nesse supermercado em pleno sábado. Diga-me, como usará esse suado dinheiro? Cinema com a sua pequena, churrasco com os caras, faculdade no turno da noite, pagará contas? As pessoas passam por você como se fosse invisível, mas não alguém como eu, que guarda no coração lembranças de alguém parecido com você. Sabe, fico aqui te observando, e não me sinto muito feliz. Esse seu jeito me lembra dele... Ele, por quem tanto me dediquei e quem tanto me feriu. Será que você é assim tão mau também? Será que conquista uma garota e sua afeição para depois deixá-la com o pretexto de não fazê-la sofrer? Não trabalhe tanto erguendo esses objetos pesados... Suas mãos grandes e brancas me trazem lembranças de carinhos falsos... Não carregue com tanta brutalidade esses pacotes... Seus braços fortes me lembram de sonhos que tive em que ele me carregava por aí... Não conserte a posição do seu óculos com tanto desinteresse... Esse seu dedo erguido arrumando as lentes sobre o óculos, com tanta tranquilidade, como algo normal, desperta em mim tanta saudade dele, que você nem imagina, então não aja como se fosse um gesto normal... Só me diga, me fale apenas uma vez, que você não faria com uma mulher o que ele fez comigo! Só afirme que nunca jogará fora sentimentos tão sinceros como ele fez! É só o que preciso ouvir, que você não é como ele. Não, não é. Eu sei que não. Nem precisa dizer.

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