quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Mudanças vem com as escolhas


     "O que você mais quer na sua vida?". Perguntaram-me quando tinha por volta dos 15 ou 16 anos. Lembro-me de que pensei ligeiramente na resposta, a qual já estava pronta a muito tempo na minha mente. O que um adolescente mais quer na vida? Resposta mais do que óbvia: fazer 18 anos e sair de casa. E claro, foi o que respondi quando fizeram a pergunta.


     Bem, agora tenho 21 anos. Sou o que muitos chamam de independente. Mas não é assim que me vejo. Vivo minha vida, longe dos meus pais, num apartamento de dois quartos e apenas um banheiro. Um cubículo? Talvez. Para alguém que vivia numa casa de três pavimentos, muitos cômodos, quartos e banheiros, talvez esse apartamento seja uma espelunca.
     Mas foi isso que escolhi para minha vida. Troquei uma vida adolescente perfeita, por uma vida numa espelunca. Casei-me assim que completei meus tão sonhados 18 anos. E bem, a relação de marido e mulher não foi exatamente do jeito que eu imaginava. Quando era criança, não entendia o porquê das brigas dos meus pais. Agora compreendo.
     Dividir a vida é um desafio que deve ser enfrentado todos os dias, todas as horas, todos os minutos, todos os segundos da existência dos dois seres. Significa que, se você perder a paciência por qualquer bobagem, uma briga gigante pode explodir.
     Meu filho nasceu 2 meses depois que completei meus 19 anos. Ele é a maior benção da minha vida. Não me arrependo de nada, só pelo fato de que tudo que fiz, levou-me a tê-lo aqui hoje. Foi uma alegria enorme recebê-lo. Apesar de que, mamãe não aprovou muito a "ideia", assim como também não havia aprovado o casamento.
     Após o nascimento do bebê, as brigas com meu marido tornaram-se mais constantes e mais graves. Os motivos para discussões pareciam surgir de um simples diálogo.
     E com tanta desarmonia, resolvemos nos divorciar e tentar começar uma outra e nova vida, o que não foi difícil para ele.
     Hoje, concordo com mamãe quando ela dizia que "imaturidade não põe mesa, filha, veja bem!".
     Criei meu pequenino praticamente sozinha, mesmo que o pai viesse visitá-lo nos fins de semana, era eu quem trocava fraldas, alimentava, cuidava, brincava, tudo sozinha.
     Meus pais tentavam me convencer quase todos os dias para que voltasse para minha casa aconchegante e grande, e deixasse aquela espelunca que eu costumava chamar de lar. Porém, não quis retornar. Não sei se por esperança ou por teimosia. Só sei que sempre fazia de tudo para não precisar voltar para a casa dos meus pais.
     Eu costumava chorar de noite, com a cara enterrada no travesseiro. Eu sofria de saudades do meu ex-marido, de vontade de acordar meu filho e abraçá-lo, de cansaço, de vontade de desistir, de vontade de faltar ao emprego e de, principalmente, não ter uma base onde me apoiar. Até porque, eu já era uma garota independente.
     O tempo passou. Fui promovida em meu emprego que muitos chamariam de medíocre, mas eu chamaria de suficiente para mim e para meu filho. Meu pequeno foi crescendo. Minha vida foi se estabilizando. Tive alguns casos, nenhum sério. Amadureci.
     Atualmente, meu filho tem 2 anos e meio. Ele recebe visitas frequentes do pai, sempre no fim de semana, e às vezes, durante a semana. É uma criança saudável e muito inteligente. Vejo nele o rosto do pai. As mesmas covinhas no sorriso.
     Agora, nesse exato segundo, estou deitada na minha cama de casal, digitando no meu notebook, vendo meu filho brincando com carrinhos e bonecos - ele parece extremamente absorto e concentrado - e lembrando de como minha vida mudou rápido de 3 anos pra cá.
     Troquei uma vida de festas, baladas, shoppings, compras, amigas e diversão 24 horas por dia, por uma rotina de casa, trabalho, filho e supermercado.
     Não me considero uma pessoa independente, e sabe por quê? Porque ainda não sei viver sem os conselhos da minha mãe, sem o colo do papai e sem as palavras acolhedoras e animadoras que saem de suas bocas.


     Sabe, não me arrependo de nada, pois sei que se tudo fosse diferente, não teria o meu bebê aqui. Mas se pudesse voltar no tempo, e alguém me fizesse aquela pergunta novamente, eu encheria a boca para falar:
"O que eu mais quero na minha vida é viver com meus pais quanto tempo for necessário!".

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