quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Mamãe.

     
     Mamãe, acordei de madrugada e quis te acordar. Fui até seu quarto, olhei seus olhos fechados e observei sua expressão. Parecia cansada, parecia que aquela noite de sono era tudo que você precisava. Não tive coragem de te acordar, mamãe. Dei um beijo na sua testa e voltei para meu quarto andando nas pontas dos pés.
     Mamãe, não tive coragem de te acordar. Mas era o que eu precisava. De você acordada para me abraçar e dizer que tudo ficará bem. Mãe, estou sofrendo. Preciso de você. De suas mãos macias e carinhosas. Ninguém pode entender o que estou sentindo. Só você. 
     Deitei em minha cama, mamãe, e chorei. Chorei muito. Chorei tanto que tive a impressão de estar toda molhada de lágrimas. Senti vontade de te acordar, mas ai lembrei-me de sua expressão que precisava descansar. Enfiei o rosto no travesseiro e chorei mais ainda. Assim, o perigo de te acordar seria menor, pois meus soluços estavam sendo abafados.
     O que eu mais queria, era que você acordasse, mãe, e dissesse que sentiu que eu precisava de ajuda, apoio. Que você se levantasse e dissesse, "filha, não fique assim, isso passa. É coisa de adolescente.". Mãe, a senhora sabe, e eu também sei, que isso não é coisa de adolescente. Mas vindo de você, até que parece verdade e até que eu me sinto melhor.
     Mamãe, a senhora não acordou; e eu continuei sozinha na minha cama. Os pensamentos ruins inundaram a minha mente. Jovens da minha idade não precisam passar por isso. Por que logo comigo, mãe? Por que? Por que não posso ter uma vida normal e chorar por "problemas de adolescentes"?
     Mãe, a senhora entende. Eu sei que sim. E essa noite escura e molhada de lágrimas parece longa demais sem você aqui. Mãe, acorde. Venha secar minhas lágrimas. Venha me cobrir com o cobertor. Venha fechar minha janela. Venha, mamãe, venha ver como estou. E fique, antes que eu me afogue nessas malditas e frias lágrimas.

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