Roupas pretas, cabelo desalinhado, a expressão um tanto quanto sombria.
A velha senhorinha, dona de um corpo encurvado e um andar vagaroso, entrou na igreja com o terço na mão, colado ao coração que batia freneticamente.
Timidamente, sentou-se solitária no canto de um dos enormes bancos de madeira escura.
Ninguém ali notava sua presença. Ninguém mais a conhecia.
Ah, como sentia falta de quando seu marido a trazia nas missas dos domingos. Muitas pessoas o conheciam, e faziam questão de comprimentar um dos casais mais bonitos da pequena cidade.
Agora, em seu recluso mundo de sonhos, a senhorinha não vivia mais na realidade. Sonhava que seu marido voltaria. Como em um milagre dos céus.
Não tinha amigas gordas e cozinheiras como antigamente. Não conseguia mais conversar com as pessoas. Não sabia mais como viver neste mundo.
A vida da pequena e encolhida senhorinha se resumia em ir da casa para a igreja, e da igreja para casa. Numa rotina sem fim.
Tomar um café amargo, assim como seu marido gostava.
Abraçar o travesseiro que o pertencia durante a noite, e chorar, implorando por um milagre.
Cantar músicas cristãs fielmente e com ardor, até que a dor se amenizasse ao menos um pouco.
Mas ela ainda tinha um ponto de esperança dentro daquele coração sofrido.
Com o olhar baixo, trancava a porta da casa ao sair para a missa das sete.
Ouviu a buzina de um carro. Seus olhos brilharam como os de uma criança ao ver o pai chegando de viagem.
E então ele abriu a porta do automóvel desesperadamente. Saiu correndo, parou e olhou para a senhorinha, abriu um sorriso incrivelmente largo.
Ela o olhou com amor e correspondeu ao sorriso, disse num sussurro:
- Finalmente.
Ele correu novamente em sua direção e abraçou seu quadril com os braços que mal conseguiam dar a volta completa.
Os olhos dos dois ameaçavam escorrer lágrimas, e então ele disse - para tentar amenizar a emoção, como se fosse possível - :
- Vovó!
Um comentário:
Que fooooooooooooooooooooofo . ><
amei Tiiiti *-*
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