sábado, 10 de julho de 2010

Portas escancaradas





"O amor calcula as horas por meses, e os dias por anos; e cada pequena ausência, é uma eternidade."
John Dryden
Fonte: Frases




Nossos olhos eram como ímãs que se atraíam.
Imaginei o que se passava na mente dela.
Eram apenas milímetros de distância.
Faltavam apenas milésimos.
De repente, cinco caras malucos vieram correndo. Inclusive Fernando.
Era como uma manada de búfalos.
Nos atropelaram como loucos.
E então todos nós caímos na piscina.
Quando emergi na superfície, vi que Bia estava rindo muito da situação.
Ela achou aquilo engraçado? Pois eu não achei.
Atrapalharam nosso momento.
- Vou sujar a água da piscina
! Estou coberta de terra! - ela falou, ainda rindo, nem um pouco envergonhada.
- Ah! O que que tem? Depois a gente limpa! - meu irmão disse. Extremamente próximo à Beatriz.
Mas, espera aí. O que era isso?
Eu estava com ciúmes do meu irmão? Loucura!

Beatriz
Um olhar intenso de Felipe provocou-me arrepios. Não parecia que ele queria simplismente ir à piscina. Havia segundas intenções, e eu pude identificar isso no ar.
Chegamos lá, pegou minha mão e colocou-a em seu coração.
- Olha o que você faz comigo - ele disse, enquanto sentia um coração disparado em minha palma.
- E-Eu? - falei, sem acreditar no que havia escutado.
Felipe colocou a mão em minha cintura e de repente parecia que o mundo ao nosso redor havia desaparecido. As outras coisas se tornaram insignificantes.
Foi quando algo nos tirou daquela cápsula isolada da minha imaginação.
Meu irmão e seus amigos malucos nos atropelaram feito uma manada de búfalos desembestados, nos jogando dentro da piscina.
Não pude deixar de achar a situação engraçada. Porque realmente era.
Será que fizeram de propósito?
Olhei minhas mãos e vi que não estavam mais sujas de terra.
- Vou sujar a água da piscina! Estou coberta de terra! - falei, ainda rindo.
- Ah! O que que tem? Depois a gente limpa! - Fernando, irmão de Felipe, respondeu.
Olhei pra ele e vi que estava próximo. Bem próximo. Mas não estranhei, afinal, caímos todos juntos dentro da água.

Enquanto secava meu cabelo com uma toalha, descansava numa espreguiçadeira no alpendre da casa da vovó. Podia ver a piscina e os "garotos" se divertindo.
Meu irmão estava vindo até mim. Falaria algo importante. Percebi isso pela sua expressão séria.
- Bia, - sentou-se ao meu lado, na espreguiçadeira mais próxima - posso falar com você?
- Claro - respondi, um pouco preocupada.
- Er, na verdade, não sei muito bem como dizer... - ele passou a mão no cabelo, estava sem-jeito.
Esperei.
- Bem, é que, você não é mais a minha garotinha fofa... - olhava pra baixo, e, às vezes, para mim - Vou ser mais direto: é que eu não queria que você se envolvesse com algum dos meus amigos... Mas, não estou te proibindo. Não sou o papai. Eu só acho que eles são bobos demais pra você...
Pensei por um segundo antes de dizer algo.
- O Felipe está incluido nesses bobos? - perguntei.
Ricardo riu.
- Não, não. O Felipe não é tão idiota quanto os outros. E isso é estranho, porque ele é o mais novo... - meu irmão parou por um momento - Enfim, vocês têm quase a mesma idade. Com ele não tem problema não, viu, maninha? - Kaká sorriu, deixando-me mais aliviada.
- Não posso negar que agora fiquei aliviada - eu disse, sorrindo timidamente.
- Ahh! Você não me engana Bia! - Ricardo gritou triunfante. Entreguei o ouro ao bandido. Agora já era. Dei "olá" a uma era de gozações e brincadeiras.

Permaneci ali no alpendre. Com o calor de Governador Valadares, ficar dentro de casa era uma ideia insuportável. Peguei um livro e fui ler.
Antes que chegasse ao clímax da história, alguém muito bonito e fofo se aproximava.
Agora seria o nosso clímax.
Felipe sentou-se onde Ricardo havia sentado antes.
Larguei o livro de lado. Nem me lembrei de marcar a página em que estava.
Olhei em seus olhos lindos e brilhantes. Sorri. Era um grande amor que chegava. E as minhas portas estavam escancaradas para recebê-lo.


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