domingo, 11 de julho de 2010

Sentiam falta de algo








"Na mão das crianças o mundo vira um conto de fadas, porque na inocência do sorriso infantil, tudo é possível, menos a maldade."
Autor desconhecido




Nada, além de um celular idiota.
No bolso da minha calça jeans, o celular tocava estridente.
Tentei ignorar, mas era meio difícil.
- Não vai atender? - Bia perguntou.
- Um segundo. - peguei o telefone e atendi, sem me afastar de Beatriz - Que foi? - disse impacientemente para a voz do outro lado da linha.
Era Fernando. Ele e os outros caras estavam em frente à casa da avó de Bia, pois iriam a algum lugar que não me interessava. Meu irmão queria que eu levasse a carteira dele para que não precisasse descer do carro. Ninguém merece.
- Tá bom, tá bom! - desliguei o celular com uma raiva que crescia. Será que nunca vai dar certo?
- O que aconteceu, Felipe? - Beatriz perguntou, preocupada ao notar a minha irritação.
- É o Fernando! Tenho que pegar uma coisa pra ele... - levantei rapidamente - Não saía daí, eu já volto! - saí dali correndo, à procura daquele maldito objeto.

Beatriz
O que pode ser mais irritante do que um celular?
- Não saía daí, eu já volto! - foi a última coisa que Felipe disse antes de correr para longe de mim.
Fiquei ali sentada na grama. Abandonada. Sozinha e triste.
Olhei para as minhas mãos. Estavam estranhas. Pousadas sobre minhas pernas, com as palmas viradas para cima, parecia que estavam sentindo falta de algo.
Achei esquisito. Porém, esqueci isso.
Me levantei impaciente. Olhei para os lados e senti que alguém me observava. É uma sensação maluca. Dizem que só as pessoas mais sensitivas percebem algo assim.
Olhei para os lados e não vi nada. Já havia descoberto quem era.
Fui andando lentamente até ao antigo e acolhedor pé de carambolas.
Uma pessoa linda e pequenina surgiu. Rindo satisfeita por ter me enganado.
Eu ri da brincadeira da minha irmãzinha. Fui até ela e a peguei no colo.
- Tô cum fome - Alice disse.
- Vamos lá na cozinha pra você comer alguma coisa - com minha irmã no colo, andei normalmente até lá.

Felipe
Realmente não sei o que aconteceu. Quando entreguei a carteira de Fernando à ele e voltei para a piscina, Bia não estava mais onde a deixei.
Bem, ela não tem cara de que fica esperando os outros, não é?
Andei pela casa procurando-a.
Quando passei pela porta da sala, "topei" com Beatriz saindo de lá.
- Oi - falei rindo.
- Felipe! - ela respondeu, feliz.
- Por que não ficou lá na piscina? - perguntei educadamente.
- Não sei... Acho que fiquei meio irritada - Bia disse, mechendo no cabelo.
- E agora? Ainda está irritada? - sussurrei para ela enquanto concertava uma mecha rebelde em seu cabelo claro.
- Não... - pensativamente, ela respondeu.
- Nem um pouco? - continuei sussurrando.
- Não...
Nossos olhos estavam novamente grudados. Aproximei ainda mais dela. Finalmente teríamos o nosso momento.

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