sábado, 24 de julho de 2010

Promessa






"A distância faz ao amor aquilo que o vento faz ao fogo: apaga o pequeno, inflama o grande."
Roger Bussy-Rabutin
Fonte: Frases



Sem que percebessemos, aquela semana passou voando. Uma semana inteira de carinho e felicidade. Mas como tudo que é bom dura pouco, dessa vez não foi diferente.
Sentiria tanta falta de Felipe... Aquele sorriso largo e espontâneo, as mãos macias e carinhosas, os braços protetores, o olhar intenso, a voz acolhedora, o beijo amoroso.
O meu perfeito Felipe ficaria tão longe de mim que doía pensar nisso. Era difícil imaginar aquilo depois de uma semana vivendo tão próximos todos os dias.

O pai de Felipe e Fernando vieram buscá-los e ao resto da turma às cinco da tarde. O sol já não queria estar ali. Escondia-se para não assistir à triste despedida.
Estacionou o carro no meio-fio, e, à pedidos de meu pai, meu sogrão desceu e entrou para tomar um café.
Eu e Felipe conversávamos sentados próximos a piscina.

Fernando
Já havia terminado de arrumar minhas coisas, então resolvi descer para a piscina e ver Beatriz pela última vez. Minha despedida com ela seria carinhosa e emocionante, com direito a um beijo amoroso e lágrimas em nossos olhos. Tudo bem, isso só aconteceria na minha imaginação. E se acontecesse, seria com meu irmão que ela faria isso.
A notícia ruim - mais uma - seria que, depois daquele dia, eu não teria nem mesmo a chance de tentar conquistá-la. Aliás, nunca tive. Seus olhos azuis se dirigiam unicamente a Felipe.
Resolvi despedir-me com um aceno, apenas. Sem deixar vestígios da minha paixão boba. Assim seria mais fácil para mim.
Pensava sobre isso, sentado numa espreguiçadeira no alpendre, enquanto via Bia e Felipe perto da piscina, onde sorriam um para o outro e se beijavam. Doeu. Uma dor estranha, como se fosse inveja dele. Ou quem sabe, ciúmes dela.

Felipe
Era difícil pensar que não poderia mais olhar para aqueles olhos azuis todos os dias, abraçar aquele corpo frágil, acariciar aquele cabelo sedoso, sentir aquele perfume doce, beijar aquela boca delicada.
Doía imaginar que ficaríamos tão distantes. Só nos veríamos raramente.
- Como vou viver sem você? - Bia disse, triste.
- Como vou viver sem você? - repeti, enquanto acariciava seu cabelo claro.
- A gente tem que arrumar um jeito de nos encontrarmos mais vezes... - ela falou, procurando uma solução.
- Vamos encontrar uma forma pra resolver isso, minha pequena - sorri para tentar alegrar a dona do meu coração. Ok, isso soou ridículo.
Beatriz finalmente sorriu. E me beijou levemente.
Coloquei a mão em sua nuca e a beijei de novo, mais intensamente dessa vez. Poderia ser a última chance de termos privacidade.

O relógio de Bia já marcava quase seis horas. O tempo passou voando.
Meu pai surgiu na porta e gritou:
- Fernando, Felipe! Vamos!
Olhei para Beatriz e ela abaixou o rosto.
Nos levantamos em silêncio. Niguém queria dizer a palavra derradeira.
Vi que Fernando nos olhava. Quando notou meu olhar, se levantou da espreguiçadeira e andou rápido até a porta de onde meu pai nos chamara.
Andamos lentamente até a porta da casa, como que querendo prolongar o tempo que teríamos juntos.
Todos já estavam dentro do carro, e Fernando estava no banco do carona na frente, ele acenou para Beatriz e ela correspondeu.
Virei-me para ficar frente a frente com ela.
- Não sei o que dizer - Bia disse, com pequeninas lágrimas que se formavam no canto de seus olhos.
- Não fique triste, por favor não chore. Me prometa que não vai chorar. - falei enquanto a abraçava, tentando conter seu choro, e também o meu - Sorria, por favor. Quero o seu sorriso. Não precisa dizer nada. Um sorriso basta.
E então ela me olhou nos olhos e sorriu, me beijou com carinho e sorriu novamente.
Não pude deixar de correspondê-la, sorri e a beijei também.
- Vamos! - Fernando gritou - Estrada escura é perigoso.
- Eu te amo - falamos no mesmo instante, e rimos disso.
Entrei no carro sem deixar de olhá-la.
Vi aquele rosto lindo, que se abria num sorriso, se afastando, cumprindo a promessa que me fizera.




Leitores! Aqui termina a história Um Sorriso Basta, espero que tenham gostado. Quero fazer uma continuação. Não só dessa história, mas também das outras, o que vocês acham?
Querem continuação ou histórias novas?
Deixem suas opiniões aí nos comentários.
Tudo foi escrito por mim, Cristiane Freitas Diamantino.
Qualquer semelhança não é uma coincidência.
Ah, e espero que gostem das leituras rápidas também!
Um beijo e até a próxima!

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